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BRASIL- AMÉRICA LATINA

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  • Patrícia Bastos leva canções e ritmos da Amazônia a festival no México
    A cantora brasileira Patrícia Bastos participa da 50ª edição do Festival Cervantino, em Guanajuato, no México. O evento, que reúne nomes nacionais e internacionais da música, do teatro, da dança, das artes plásticas e da literatura, vem se consolidando como um dos mais importantes da América Latina e do mundo. No show do próximo dia 28 de outubro, a cantora apresentará ao público mexicano canções que reúnem ritmos, cantos populares e histórias da região amazônica. Larissa Werneck, correspondente da RFI no México Nascida no Amapá, Patrícia Bastos começou a cantar profissionalmente aos 18 anos. Desde o início da carreira, sua música é marcada pela união de ritmos afrodescendentes, como o batuque e o som do marabaixo, uma das principais manifestações culturais e folclóricas do norte do Brasil. E é com essa mistura musical popular que a cantora pretende encantar o público mexicano. “Essa é minha primeira apresentação no México e eu estou muito ansiosa para participar do Festival Cervantino, já que é uma grande oportunidade de mostrar a cultura de um lugar tão distante para os mexicanos que é o Amapá, na Amazônia. Eu espero subir no palco e dar o recado com os nossos tambores e marabás, com a nossa música da Linha do Equador, que é tão alegre”, diz Patrícia. Repertório dos shows inclui o zouk, ritmo popular nas fronteiras do norte brasileiro Para atrair ainda mais o público latino, Patrícia Bastos incluiu o zouk no repertório dos shows que realizará no México. Além da apresentação no Festival Cervantino, ela fará apresentações em Puebla e na Cidade do México, onde contará com a participação especial da cantora cubano-mexicana Leiden. “Esse intercâmbio de culturas é muito importante. Apesar de só conhecer a Leiden à distância, eu sou muito fã do trabalho dela. Trocamos muitas mensagens até escolhermos as músicas da nossa apresentação. E a música mexicana é muito contagiante também, repleta de histórias bonitas e interessantes, assim como a nossa música. Eu acho que nosso encontro nos palcos será muito bonito”, completa a cantora amapaense. Brasil tem histórico de participações no Festival de Guanajuato A 50ª edição do Festival de Guanajuato vai até o dia 30 de outubro. Ao longo dos últimos anos, a participação brasileira tem sido marcante, como explica Gustavo Raposo, chefe do setor cultural da Embaixada do Brasil no México, que está apoiando a vinda da cantora. “Para a gente, é muito importante participar do Festival Cervantino pela sua história e pela sua importância para a cultura. Trouxemos artistas de diferentes vertentes musicais, como Chico César, que participou de maneira virtual em 2021. Tivemos também a Dona Onete, do Pará, em 2019, e Yamandú Costa, em 2018. São atrações muito diversas musicalmente, e dessa maneira mostramos que o Brasil tem muito a oferecer. E este ano, nós estamos muito felizes com a vinda da Patrícia Bastos, e a apresentação dela nos enche de alegria”, afirma Gustavo. Indicação ao Grammy Latino em 2017 A mescla de ritmos amazonenses rendeu a Patrícia várias premiações. Além disso, ela foi indicada ao 18º Grammy Latino, em 2017, na categoria Melhor Álbum de Raízes Brasileiras com Batom Bacaba, uma produção realizada em parceria com Dante Ozzetti e Du Moreira. “Conseguir chegar a uma premiação desse porte é muito importante para anunciar o que se faz e ao que se propõe a música da Amazônia produzida no Amapá. Ser indicada nessa categoria é um prêmio de reconhecimento do que venho fazendo ao longo dos anos, uma música identitária ancorada na tradição, com arranjos contemporâneos, que ajuda a escrever a identidade cultural do meu país. Isso me enche de alegria e reforça o papel da arte e do artista.”, celebra a cantora.
    10/22/2022
    8:19
  • No território do Xingu, indígenas se sentem abandonados pelo governo brasileiro
    Mais vulneráveis às doenças das cidades e morando em regiões de difícil acesso, a saúde dos indígenas da Amazônia é muito frágil. No parque indígena do Xingu, o maior território protegido do Brasil, vivem 16 povos diferentes. Nos últimos anos, eles também sofrem dos efeitos do desmatamento e das mudanças climáticas.  Sarah Cozzolino, correspondente da RFI no Brasil. Camila é atendida sobre uma cama ginecológica improvisada na aldeia indígena Waura. Ela sente uma dor na barriga há dois anos, desde que ela toma um remédio para não menstruar, pois ela é um dos médicos tradicionais da aldeia. "A gente tem cigarro para curar a pessoa que está doente", explica Camila. "O espírito fala qual é a dor que ele está sentindo, qual espírito que tá fazendo mal a ele", completa. Camila é um dos 6 pajés da sua aldeia, no parque indígena do Xingu, no Mato Grosso. Para os indígenas, existem vários tipos de médicos tradicionais : os pajés, como Camila, que se comunicam com os espíritos, e os raizeiros, especialistas em chás a base de ervas e raízes.  Durante a pandemia de Covid-19, esses médicos tradicionais foram muito solicitados, como explica Caio Machado, presidente e co-fundador da ONG Doutores da Amazônia : "eles começaram a usar a medicina tradicional deles, como um chá que eles tomam. Uma coisa que chamou muito a nossa atenção é que naquela região há cerca de 10.000 indígenas e eles tomaram esse chá. E desses 10.000 indígenas, morreram 2 indígenas. Até os não indígenas estavam começando a tomar esse chá. Isso quer dizer o que? Que a medicina tradicional é muito forte!", avalia. Apesar das recomendações de isolamento social para lutar contra a propagação da covid-19, os indígenas conservaram a sua forma de vida em coletividade. "Quando a Covid-19 chegou, veio a medida de fora, dizendo para separar… Mas não teve jeito", lembra Tapi Yawalapiti. "Não tem como a gente quebrar nossa organização social, de ficar longe da família… Então foi muito difícil para a gente adaptar uma regra que veio lá da cidade, dentro da aldeia". O cacique Yawalapiti é filho do antigo cacique Aritana, grande líder da luta indígena do Xingu, que morreu em 2020, vítima da pandemia.  Nessas regiões isoladas, o acesso aos atendimentos especializados pode ser muito complicado e os hospitais ficam fora do território indígena, a várias horas de carro. Por isso, a ação anual da ONG "Doutores da Amazônia" é muito necessária : os indígenas conseguem ter acesso a dentistas, ginecologistas e oftalmologistas, entre outros. "Sofremos muito preconceito e discriminação racial na cidade, então às vezes a gente não é bem-vindo nos hospitais, lamenta o cacique. A gente é esquecido, abandonado no hospital. Então, aqui, todo mundo tá muito feliz, os médicos atendendo… e as pessoas voltando para suas aldeias muito felizes. Então isso é muito importante. E uma vantagem em comparação com o atendimento da cidade", diz o cacique. Alerta para mudanças climáticas Tapi Yawalapiti observa com apreensão a grama queimada de sol, no pólo Leonardo Villas-Bôas, onde acontecem os atendimentos da ONG. É a época das queimadas, e o cacique está cada vez mais preocupado com a mudança climática na Amazônia. "Nós que moramos na floresta, sabemos cuidar da floresta, sabemos cuidar do rio, sem poluir, acredita Tapi. Mas a gente esta notando que o tempo mudou. Então hoje, se você tacar fogo aqui, vai embora, perde controle. Na década de 1990, não tinha isso. Então hoje a gente tem que ter muito controle de queimada, muito", afirma. O desmatamento é visível nas fronteiras do parque. Na estrada, da capital de Goiânia até a entrada do Xingu, é necessário atravessar hectares e hectares de plantações de milho e soja. "Tem onze municípios em volta do nosso território", explica Iakari Kuikuro. "Estão derrubando muitas árvores, mato, para plantar soja, arroz, e muito mais… Eu estou muito preocupado com o futuro", diz. Ao pensar na situação, Iakari Kuikuro não consegue reter as lágrimas. "Daqui para frente, como que a gente vai reagir contra esse crescimento dos municípios em volta do nosso território?",  pergunta o indígena. "Hoje em dia, a gente está recebendo muita pressão. Esse nosso território ficou como se fosse uma ilha de floresta… Por isso que estamos lutando para fazer cerca", acrescenta. Segundo uma pesquisa do instituto Imazon, entre agosto de 2021 e julho de 2022, o desmatamento na Amazônia foi o maior dos últimos 15 anos, com 10.781 km quadrados devastados, o equivalente a sete vezes a cidade de São Paulo. "Com esse governo atual, nosso território é ameaçado", reclama Tapi Yawalapiti. "Toda a terra da população indígena do Brasil está ameaçada. Então, nossa luta é isso : enfrentar o projeto de lei que o governo sempre vem lançando contra os direitos indígenas. Então isso deixa a gente preocupado. E a gente comunica entre nós, dizendo que no momento, a gente tem que se unir, para gente poder defender o nosso direito", finaliza. Apesar de ser considerado um dos territórios mais protegidos do Brasil, em 2021 foram reportados no Xingu 305 casos de invasão e exploração ilegal de terras. Um aumento de 180% em comparação com 2018, quando Jair Bolsonaro ainda não era presidente.
    10/15/2022
    7:04
  • Panamá: Inflação, corrupção e escassez de alimentos motivam protestos, relata brasileira
    “Buenos días, Panamá!” É da varanda com vista para a Cidade do Panamá que todos os dias a goiana Viviane Naves saúda seus seguidores de uma rede social. Deste ponto privilegiado da capital panamenha ela usa o humor para se conectar com o país onde chegou em 2020, em plena pandemia da Covid-19. Também é de lá que agora ela acompanha as manifestações que, nas últimas semanas, vêm agitando este país da América Central. Por Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas A insatisfação que tomou conta das ruas de diversas regiões e da capital panamenha começou a ser sentida logo após o fim do confinamento e foi motivada principalmente pelo alto custo de vida. “Após esse período de euforia por recuperar a vida normal do cotidiano, começou essa sensação de que tudo estava caro, da falta de alimentos nos supermercados pela dificuldade de chegar [a mercadoria aos estabelecimentos]. Havia uma sensação de dificuldade de trabalho, das pessoas conseguirem dinheiro”, ela lembra. Neste país onde o Produto Interno Bruto (PIB) per capta é de US$ 14,5 mil, de acordo com o Banco Mundial, o desemprego chega a 10% e a informalidade gira em torno de 50%, informa a Contraladoria Geral do Panamá. E com a economia dolarizada, o custo de vida é bastante alto. “A comida aqui é muito cara. O custo de vida no Panamá é bem caro. Isso me assustou muito no início. Desde o início eu sentia essa preocupação [por parte do povo].” O recente fenômeno da inflação no Panamá fez com que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) chegasse a 5,2% em junho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A taxa pode ser moderada se comparada com a de outros países, mas vem pesando no bolso das famílias. A alta mais significativa foi a de 40% no preço da gasolina durante o primeiro semestre de 2022. “O que eu vejo que deixa mais cara a condição de vida é a comida e os remédios. Então veio a guerra na Ucrânia e o preço da gasolina aumentou muito por aqui, de uma hora para outra. Isso foi muito forte”, destaca Viviane. Indígenas Por causa da distância entre as zonas agrícolas e as cidades de médio e grande portes, o preço do combustível, que não é produzido no Panamá, gerou um efeito dominó. “Tudo ficou mais caro ainda porque muitos alimentos vêm de caminhão da região de Chiriqui (a cerca de 420 km da Cidade do Panamá), onde há produção de café e de muitos tipos de produtos. Tudo ficou mais caro e isso também pesou muito para os produtores.” Uma das principais forças desses protestos sãos os indígenas, muitos deles detentores de terras em determinadas áreas do Panamá. Ao lado dos produtores de alimentos, eles têm sido a principal pedra no sapato do governo de Laurentino Cortizo. Por causa da pressão social, o presidente, que chegou ao poder em julho de 2019, decidiu congelar em US$ 3,25 (cerca de R$ 16) o preço do galão da gasolina, que antes chegou a custar US$ 5. Junto com o anúncio feito nesta terça-feira (26) estão subsídios a outros produtos, como o arroz e o atum. Os sindicatos e outras associações não ficaram satisfeitos com as medidas. Eles também pedem a redução do preço dos alimentos, energia, remédios, e o aumento do orçamento da Educação, além do combate à corrupção, o que continua motivando os protestos. As perdas estimadas por causa das manifestações e paralisações das últimas semanas superam a quantia de US$ 500 milhões. “Da [minha] varanda dá para ver os protestos. Eu vi o caminho que eles [os manifestantes] estavam fazendo e desci para me juntar ao protesto. Foi quando eu encontrei o humorista Kenny Dancer, que faz muito sucesso aqui com a personagem ‘La Ministra’”, conta a ex-fisioterapeuta que agora trabalha como tradutora e produtora de conteúdo. “São pessoas que estavam com muita raiva principalmente pela corrupção que existe dentro do Panamá, dos partidos políticos. Nos protestos as pessoas reclamavam muito dos subsídios que os políticos têm até para bebidas alcoólicas. Eles recebem garrafas de rum! Esse tema foi muito forte dentro dos protestos”, ela explica. Corrupção Além de ser um paraíso fiscal, o Panamá também carrega outra fama: a de ser um dos países mais corruptos do mundo. Em 2016, a investigação jornalística intitulada de Panama Papers denunciou um gigantesco esquema de corrupção articulado pelo escritório de advocacia Mossack Fonseca, então sediado na capital panamenha, junto a governos, autoridades e empresas de todo o mundo. Apesar das medidas e do início dos diálogos do governo com os grupos de opisição, ainda há manifestações no país. “Os protestos ainda continuam, mas não tem mais bloqueios de estradas. Houve um acordo com o governo na última mesa de diálogo. Alguns itens básicos, 72 de uma lista proposta ao governo, ainda não foram aprovados. Então eles ainda estão brigando, mas as principais vias não estão mais fechadas. Já está chegando mercadoria na Cidade do Panamá e nas províncias também”. Viviane, que já morou no Peru e em Cuba, além de desejar “Buenos días, Panamá”, também faz votos de um futuro melhor ao país que a acolheu: “O Panamá é um país lindo, rico e que merece dar uma melhor qualidade de vida a toda sua população. Eu espero que esses protestos, que esse anseio da população e dos meus amigos que querem um país melhor, consigam [resultados]”.
    7/30/2022
    5:00
  • Voluntariado é caminho para adaptação no exterior, dizem brasileiras no México
    Brasileiras que vivem no México realizam trabalhos voluntários para diferentes organizações. Além de apoiarem causas importantes, elas contam que a atividade ajuda na familiarização com a vida fora do Brasil. Larissa Werneck, correspondente da RFI no México Em uma busca rápida na internet por programas de voluntariado no exterior, é possível encontrar uma grande quantidade de projetos e organizações que realizam trabalhos voluntários em diferentes regiões do mundo, que oferecem às pessoas a possibilidade de contribuir para ações que vão desde o desenvolvimento de comunidades desfavorecidas até programas de proteção ao meio ambiente. As vantagens são muitas, tanto para os beneficiários dos projetos, quanto para os voluntários.  Além do sentimento de ajudar quem necessita e de colaborar para a transformação social, ser voluntário fora do Brasil traz muitos benefícios, entre eles, a possibilidade de conhecer novas culturas e novos costumes, o aprendizado de um idioma e a criação de novas relações sociais, sejam elas profissionais ou pessoais. No caso de famílias expatriadas ou em transição, as vantagens vão além: o voluntariado pode ser um grande aliado no processo de adaptação à vida em um novo país. Foi o que aconteceu com a Karla Machado, mineira de Belo Horizonte que mora no México há treze anos. “Quando a gente chega no México, como expatriada, a gente tem muito tempo ocioso, né? E, logo que eu cheguei, eu fui apresentada um grupo de brasileiras que já faziam um trabalho voluntário na Abrame, que significa Amigas Brasil-México. Esse grupo realizava encontros para arrecadar dinheiro, produtos de limpeza e alimentos para abrigos que necessitavam de assistência. Além de fazer voluntariado, esses encontros são uma forma para a gente se enturmar e de receber dicas sobre o novo país, como informações sobre médicos e serviços, por exemplo”, afirma. Os anos foram passando, e Karla começou a se envolver ainda mais nos projetos, assumindo novas funções a cada ano. Hoje, ela é coordenadora da Abrame, organização que atualmente direciona o trabalho para dois abrigos: um para pessoas idosas e outro para crianças e jovens em situação de pobreza que foram afastados das famílias por questões de violência e abuso. “A Casa Hogar San Francisco, que fica em Toluca, no Estado do México, era um lugar muito precário, sem armários nem camas para as crianças dormirem. Além disso, elas não tinham como levar merenda para a escola. Com o trabalho das nossas voluntárias, conseguimos fazer reformas na casa e organizar doações de alimentos, que são realizadas mensalmente. Eu fico muito feliz porque algumas das crianças que nós conhecemos aos 8 anos de idade já estão na universidade”, conta Karla. Já o trabalho no Asilo Emanuel, localizado em Coacalco, também no Estado de México, começou há dez anos. Atualmente, vinte homens e mulheres vivem no lugar, que necessita de reformas urgentes. “Sempre ajudamos com doações de dinheiro, alimentos e produtos de higiene. Agora, vamos apoiar na reforma do asilo. Uma brasileira que é arquiteta está fazendo o projeto sem custo e nós vamos levantar os recursos para as obras”, diz a coordenadora da Abrame. Famílias brasileiras apoiam fundação para crianças com câncer Outra organização que recebe o apoio de famílias voluntárias brasileiras no México é a Fundación Mark, criada há 16 anos pela mexicana Sonia Zuani. A fundação leva o nome do seu filho, diagnosticado com leucemia, aos seis anos de idade. “Inicialmente o tratamento do Mark foi em um hospital público do México e, infelizmente, eles não cuidavam da parte emocional das crianças internadas. Eles não permitiam que elas levassem jogos e não havia espaços lúdicos de atividades direcionadas para elas. A fundação foi um sonho do meu filho, que quis criar um lugar para que crianças,como ele, pudessem brincar e se divertir. Ela foi constituída no mesmo dia em que ele faleceu. Esse foi o seu legado”, diz Sonia. Atualmente a Fundación Mark possui sete brinquedotecas em hospitais públicos que tratam de crianças e adolescentes com câncer. Quatro deles estão na Cidade do México. Os outros estão em Toluca, no Estado do México, em Villahermosa, capital do estado de Tabasco, e La Paz, que fica no estado de Baja Califórnia Sul. Nesses espaços, além das crianças poderem brincar com os jogos e brinquedos, são oferecidas atividades físicas, pedagógicas e cursos de bem-estar emocional para as famílias e profissionais de saúde. “Temos o apoio de muitas empresas, mas o voluntariado para a nossa fundação é indispensável. Nesse sentido, eu posso dizer que metade da nossa bandeira é brasileira, porque as famílias brasileiras nos apoiam muito, não apenas com doações de brinquedos, roupas e alimentos, mas na organização de eventos e, principalmente, na mobilização para novos voluntários”, afirma a presidente e fundadora da Fundación Mark. As paulistanas Ellen Negrão e Desyrre Beber estão entre essas famílias. Ambas vivem no México há cerca de dez anos. “Eu conheci a Fundación Mark através da minha cunhada, que é mexicana. E na festa de seis anos da minha filha nós doamos todos os presentes que ela ganhou para as brinquedotecas. Foi assim que eu comecei a me envolver. Hoje, graças ao voluntariado, eu tenho contato com realidades que eu não tinha no Brasil, e ajudo a uma causa importante. Além disso, quando eu cheguei, ajudou a ocupar meu tempo e a criar amigos e oportunidades”, salienta Desyrre. Ellen foi uma das convidadas da festa. Hoje ela é uma das principais mobilizadoras do grupo formado por cerca de 40 brasileiras que apoiam a fundação, com doações de brinquedos no Natal, realização de festas, quermesses e venda de produtos. Em maio deste ano, por exemplo, a Fundación Mark recebeu a doação de milhares de cápsulas de café expresso. Em apenas um dia, as brasileiras venderam cerca de cinco mil. “Eu sempre trabalhei como voluntária, desde a minha adolescência no Brasil. E quando eu cheguei ao México eu conheci a fundação e me encantei pelo trabalho da Sonia. Fiz curso nos hospitais para trabalhar nas brinquedotecas e me orgulho muito do que já fizemos. Mobilizamos muitas famílias e empresários brasileiros para a causa. Infelizmente com a pandemia os eventos foram suspensos, mas este ano, voltaremos com uma grande festa para os adolescentes. Pra mim, o mais importante, também, é poder passar essa mensagem para os meus filhos”, diz Ellen. Voluntariado para o mercado de trabalho Além de ajudar na adaptação das pessoas que vivem fora do Brasil e de ter uma função social importante, o trabalho voluntário é um caminho, também, para brasileiros que buscam recolocação profissional no exterior. Segundo Carolina Porto, que trabalha como consultora e voluntária da ONG Families in Global Transition, que oferece apoio às famílias em transição, o voluntariado é um primeiro passo para a criação da sua rede de relacionamento profissional. “A principal ferramenta para alguém que está mudando de um país para outro é criar uma rede de relacionamentos para se adaptar melhor. E se você tem o objetivo de buscar um trabalho, uma posição de voluntariado pode te ajudar bastante nisso porque, provavelmente, você vai conhecer pessoas com interesses em comum aos seus. Ou, também, pode ser a oportunidade de você aprender alguma coisa nova. Você estará fazendo o bem para o próximo e para você mesmo”, explica ela. Além disso, segundo Carolina, é preciso, primeiro, entender a cultura de voluntariado do país onde você vai viver. “O voluntariado é visto de maneira diferente em cada país. Na Holanda, por exemplo, quase 80% da população realiza algum tipo de trabalho voluntário e isso é muito bem visto pelas empresas. As vagas de voluntariado, inclusive, são anunciadas nas mesmas plataformas usadas para o trabalho remunerado. Já no México, onde eu morei, eu não tive essa perceção. Mesmo que eu estivesse trabalhando para uma organização internacional, se eu não tinha salário, muitos não consideravam trabalho”, conclui a consultora brasileira.
    6/11/2022
    5:18
  • Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires homenageia 100 anos da Semana de 22
    Com a série de eventos "Antropofagia Revisitada", o Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires (Malba) presta homenagem ao centenário da chamada Semana de 22, que marcou o começo do modernismo brasileiro. O movimento influenciou a arte em toda a América Latina, passando pela Bossa Nova, pelo Tropicalismo e até o Rock Brasil, que completa 40 anos.  Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires Até a próxima semana, o Malba mantém uma visita guiada pelas 15 peças modernistas de artistas brasileiros que fazem parte da coleção do local, que conta com obras de Tarsila do Amaral, Lígia Clark, Di Cavalcanti, Portinari, Hélio Oiticica, entre outros.  Em sintonia com o centenário da emblemática Semana de 22, o museu argentino e a Embaixada do Brasil em Buenos Aires organizaram uma série de atividades, presenciais e virtuais, com artistas e acadêmicos, brasileiros e argentinos, sob o conceito de "Antropofagia Revisitada" que incluiu mesas redondas e apresentações. Macunaíma, de Mário de Andrade, ganhou uma nova tradução em espanhol. Os debates puseram a lupa sobre as temáticas em voga na época, Mulheres, Negros e Índios no modernismo brasileiro. Se Tarsila do Amaral propunha "devorar" a arte europeia com o seu quadro do "homem que come gente", o Malba inaugurou o Café Tarsila, onde uma parte do Abaporu foi transformado em biscoito e pode ser devorado. Influência brasileira Por alguns instantes, o Malba desta semana de 2022 remetia ao Theatro Municipal de São Paulo, palco daquela semana de 1922. Aquele Brasil de cem anos atrás também completava o seu primeiro centenário de independência e requeria identidade própria. O modernismo brasileiro propunha devorar a arte europeia não para copiá-la nem para se submeter a ela, mas para transformá-la em brasileira, com elementos próprios daquela nova nação. Ao longo das décadas seguintes, o modernismo contribuiria para uma identidade de vanguarda através pintura, da escultura, da poesia, da arquitetura, da literatura e da música. Diego Murphy, responsável pelo passeio através das obras brasileiras, explica que a Semana de 22 catalisou o que acontecia de forma generalizada pela América Latina, tornando o movimento brasileiro a referência que influenciaria a arte em toda a região. "No começo do século 20, os países da região discutiam qual era a sua identidade. Vários olhavam para a Europa, mas alguns começaram a olhar para dentro de si. Enquanto no resto da América Latina as discussões aconteciam de forma individual, caótica e pouco clara, no Brasil, aconteceram de forma muita clara e contundente. E isso começa a se irradiar do Brasil a toda a América Latina", explica Diego Murphy à RFI. Naqueles anos 1920, dois movimentos ecoavam pela América Latina: a "Antropofagia brasileira" e o "Muralismo mexicano" que tinha uma conotação mais política, após a Revolução Mexicana. "O Muralismo mexicano é muito forte e se irradia pela América Central, mas também nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, havia muita resistência a esse movimento tão político. A Antropofagia brasileira, em contraposição à Europa, tem muita influência na região, mas, sobretudo, na América do Sul, especialmente no Chile e na Argentina. Não chega a surgir um movimento, mas surgiram individualidades que geraram frutos interessantíssimos na arte", compara Murphy. A curadora chefe do Malba, Maria Amalia García, conta que os vanguardistas argentinos se espelhavam nos brasileiros. "Durante os anos 1920, tudo o que aconteceu na Semana de 22 do Brasil teve impacto na Argentina. Os modernistas argentinos observavam com atenção o que acontecia no Brasil. Os intelectuais e os artistas argentinos tiveram um vínculo fluído com o Brasil e com todas essas publicações e núcleos vinculados também com a vanguarda local", aponta Maria Amalia García à RFI. Abaporu em Buenos Aires O ponto de ebulição da Semana de 22 aconteceu em 1928, quando Tarsila do Amaral pintou um quadro como presente de aniversário ao marido, o poeta e escritor Oswald de Andrade, um dos líderes do movimento modernista. A imagem de um gigante sem boca que devora através da reflexão, com pés e mãos grandes sobre a terra e com as cores da bandeira brasileira em composição, foi a melhora tradução do conceito antropofágico que devorou a arte europeia para transformá-la em brasileira. Nascia assim o "Abaporu" (homem que come gente, em tupi-guarani) e inaugurava-se o canibalismo tropical. O ícone do modernismo brasileiro repousa há 21 anos no Malba. O casal Dorival Neto e Átina Rocha, os dois de Marcionílio Souza, interior da Bahia, estudantes de Medicina em Buenos Aires, tiveram o primeiro contato com o Abaporu neste centenário da Semana de 22. "Como alguém que veio do interior é a primeira vez que tenho contato pessoal com essas obras. E é irônico que seja em outro país. Muitas dessas obras com as quais eu só tive contato através de imagens nos livros ou em estudos para o vestibular, pude ver agora em Buenos Aires. Foi uma experiência muito boa", ressalta Dorival à RFI. "Apesar de não estar em casa, o Abaporu está num lugar que se tornou o seu lar. Está bem contemplado, como deve ser. Fico com uma certa inveja por esta obra não estar no Brasil, mas, ao mesmo tempo, fico orgulhosa porque está bem cuidada. Está num lugar que abraçou a nossa cultura e que fez dela também um pouco sua. Aqui você se sente em casa e isso é muito legal", reflete Átina, após a visita guiada. A visita pelas obras brasileiras chega ao final dos anos 1960, quando o canibalismo cultural já não é mais com a Europa, mas com os Estados Unidos, consequência do pós-Segunda Guerra Mundial. Nesta época, aparecem o concretismo e a Pop Art. Identidade brasileira na música Outra diferença que permitiu o modernismo brasileiro se tornar referência foi a conjugação de diversas disciplinas artísticas num mesmo movimento. Pintores, escultores, poetas, escritores, arquitetos e músicos giraram em torno de um conceito. "Essa conjunção é muito importante. O Brasil tem essa grande vantagem: uma comunhão entre artistas interdisciplinares. Nos outros países, isso não acontece", observa Diego Murphy.  "Há outra característica brasileira, diferente do resto da América Latina: a música. É central para a identidade brasileira", indica. O conceito antropofágico de devorar influências de fora para transformar numa arte brasileira incluiu a Bossa Nova, o Tropicalismo e até mesmo o Rock Brasil. A Bossa Nova era o samba moderno sob influência do jazz. Tom Jobim exaltava a influência nas suas composições de Heitor Villa-Lobos, integrante da Semana de 22. O Tropicalismo, sob influência do rock e do concretismo pós-moderno, também influenciou o rock brasileiro. Foi há exatamente 40 anos que uma música jovem irrompeu com elementos do modernismo e do pós-modernismo. A Pop Art aparecia nas capas dos discos e nos figurinos. A estética abusava das cores vivas, de identidade tropical. As letras contavam com diálogos teatrais de estilo jocoso e com um jogo de palavras sob influência do concretismo.  Nascia no Circo Voador, no verão carioca de 1982, a Blitz, o primeiro grupo que abriria as portas das gravadoras para a explosão do denominado Rock Brasil durante os anos 1980. "O Brasil tem essa grande diferença: gente agrupada com um objetivo em comum. Nada de individualidades perdidas, mas um movimento forte numa direção. Essa é justamente uma característica da vanguarda", conclui Diego Murphy.
    2/19/2022
    7:49

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